Vivemos em uma era em que o marketing digital produz mais dados do que jamais conseguimos absorver. Métricas de engajamento, taxas de conversão, tempo de retenção, entre outras, são registradas em tempo real – mas a abundância de informação nem sempre se traduz em clareza estratégica. A dificuldade, como costumo dizer, não é técnica: ela é analítica.
O desafio não está necessariamente na falta de acesso a ferramentas de BI ou linguagens de programação, mas na capacidade de extrair significado dos dados. É nesse contexto que a Inteligência Artificial oferecer uma nova abordagem para análise e tomada de decisão em marketing digital.
Recentemente, gravei a aula abaixo em que faço uma experimentação prática com dados do Instagram do Scream Festival, utilizando o ChatGPT como um agente analítico. O processo partiu de uma técnica simples, mas eficaz: atribuir um papel claro à IA. No caso, defini que o agente atuaria como um analista de marketing digital encarregado de apresentar insights a um conselho diretivo – um público que valoriza síntese, relevância e acionabilidade.
Esse enquadramento inicial não é trivial. Ao atribuir contexto e finalidade à interação com a IA, elevamos a qualidade das respostas e direcionamos o raciocínio analítico. Após validar a leitura da base de dados, orientei a IA a propor perguntas estratégicas que pudessem ser respondidas com aquela base. As sugestões foram precisas e cobriram questões como:
- Quais tipos de conteúdo geram mais engajamento?
- Há uma tendência de queda ou manutenção no interesse do público ao longo do tempo?
- Qual o impacto de publicações específicas no crescimento de seguidores?
A partir da escolha de uma dessas perguntas, a IA construiu gráficos com Python, identificou anomalias (como um pico de engajamento em determinada data) e foi capaz de correlacionar o sucesso da publicação com fatores qualitativos do conteúdo: formato, temática e momento de postagem.
O que se seguiu foi um processo iterativo de investigação e refinamento. A cada resposta gerada, surgiam novas perguntas – aprofundando o entendimento sobre o comportamento da audiência. Este ciclo de perguntas e respostas, mediado por IA, mostra o poder do Agentic AI: sua capacidade de raciocinar, investigar e propor caminhos interpretativos a partir de dados brutos.
Ao final, solicitei à IA a elaboração de um roteiro de apresentação baseado nos princípios do data storytelling. O resultado respeitou as boas práticas: introdução com alinhamento de expectativas, contextualização do problema, apresentação visual dos dados, identificação de insights centrais, e conclusão com recomendações práticas.
Esse exercício demonstra que não é mais necessário um aparato técnico complexo para transformar dados em narrativas estratégicas. Com a mediação adequada, a IA pode ser tanto a lente quanto a bússola – ajudando profissionais a superar o desafio de tomar decisões embasadas sem sobrecarregar ainda mais sua já intensa rotina corporativa.
O Agentic AI não substitui o olhar humano, mas o amplia. Ele não automatiza decisões; potencializa discernimentos. Ao assumir papéis específicos e dialogar com clareza de propósito, a IA se torna uma verdadeira parceira na geração de impacto real.
Abaixo, deixo o vídeo da aula completa: