Como as pessoas estão usando IA Generativa em 2025?

Ao longo da última década, a inteligência artificial foi comumente associada à automação de processos, otimização de tarefas e aumento de eficiência operacional. Contudo, os dados mais recentes apontam para um deslocamento notável dos principais usos da IA generativa. O relatório “The 2025 Top-100 Gen AI Use Case Report”, de Marc Zao-Sanders, publicado na Harvard Business Review, revela que, ao contrário do que muitos previram, os principais usos da IA não são apenas técnicos: eles estão profundamente enraizados nas necessidades emocionais, relacionais e existenciais das pessoas.

Uma metodologia ancorada na escuta autêutica

A pesquisa parte de uma metodologia netnográfica: a observação de conversas reais extraídas de fóruns e comentários online. Ao priorizar relatos espontâneos, a análise capta uma perspectiva genuína sobre como as pessoas estão integrando a IA generativa em suas vidas. Cada um dos 100 casos de uso foi avaliado com base em dois critérios: alcance (grau de adoção entre usuários) e utilidade (impacto percebido). A classificação também inclui metadados e citações diretas dos usuários.

O que as pessoas estão fazendo com a IA em 2025?

Entre os principais usos identificados, destacam-se:

  1. Terapia e companhia emocional: a IA tem sido utilizada como apoio para questões emocionais, trauma, solidão e autoconhecimento. Usuários relatam conversas diárias com assistentes virtuais que ajudam na regulação emocional e organização mental.
  2. Organização da vida: ferramentas baseadas em IA ajudam a estruturar rotinas, planejar objetivos, definir prioridades e manter a consistência em projetos pessoais e profissionais.
  3. Busca de propósito: a IA atua como guia reflexiva, auxiliando pessoas a explorarem seus valores, paixões e trajetórias com mais clareza.
  4. Aprimoramento da aprendizagem: personalizada, responsiva e incansável, a IA se consolida como tutora para quem deseja aprender em ritmo próprio.
  5. Geração de ideias e criatividade: brainstorming, escrita criativa, sugestões visuais e musicais são algumas das aplicações que demonstram o poder da IA em ampliar o repertório criativo.

O que esse levantamento revela é uma mudança de paradigma. A IA, vista majoritariamente como ferramenta de produtividade, hoje se insere como um recurso de apoio pessoal. A busca por companheirismo, clareza mental e sentido tem se mostrado tão relevante quanto a busca por agilidade e automação.

Esse movimento nos mostra que quem dá sentido à tecnologia são as pessoas. É menos importante o que uma ferramenta pode fazer, ou mesmo o que quem a desenvolveu deseja que ela faça, do que como o público a incorpora em sua vida.

Em um cenário de sobrecarga cognitiva e emocional, a IA tem sido mobilizada como extensão da subjetividade, oferecendo escuta, organização, conselhos e acolhimento.

A expectativa era que a IA se destacasse principalmente por seu poder técnico. E de fato, ela segue automatizando códigos, refinando algoritmos e resolvendo problemas complexos. No entanto, é no campo da experiência humana que seu impacto tem surpreendido.

Sejamos claros: a IA não deveria substituir o contato humano, nem resolver dores existenciais. Mas ela está sendo usada por muitos para suprir carências afetivas, lidar com as incertezas da vida e com a carga emocional.

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