Ser Estrategista em tempos de IA: o que ganhamos quando deixamos a máquina cuidar do meio do caminho

Muito tem se discutido sobre o impacto da Inteligência Artificial em diversos papéis, e não seria diferente no caso dos estrategistas. De fato, há tarefas que a IA Generativa já executa com mais precisão, velocidade e escala do que muitos profissionais experientes. Mas vejo isso como uma excelente notícia.

A tecnologia cuida do que chamo de “meio do trabalho”: aquela lacuna entre saber o que precisa ser feito e efetivamente entregar isso pronto para decisão. É nesse ponto que reside o verdadeiro ganho para os estrategistas. Quando liberados dessa parte necessária — porém intensiva e repetitiva — do processo, esses profissionais podem direcionar sua energia para aquilo que nenhuma IA consegue replicar: a capacidade humana de perceber entrelinhas, de captar nuances contextuais, de acessar informações tácitas que só emergem em conversas desestruturadas e de fazer o refinamento necessário entre a metodologia de referência e o caso real em tela.

O papel do estrategista está muito mais transformado do que ameaçado. A IA não substitui a capacidade de traduzir um diagnóstico em uma recomendação ajustada à realidade única de cada desafio. Muito menos consegue preparar o terreno para as resistências culturais ou perceber como uma solução, por mais tecnicamente perfeita, pode ser inviável em determinado contexto organizacional.

Essa é a nova fronteira: deixar que a IA faça a triagem, a estruturação, a preparação da estrutura — e nos concentrarmos no que mais importa. Estratégia não é só método; é relação, contexto, sensibilidade. E é justamente aí que continuamos sendo indispensáveis.

O futuro da estratégia não será feito de menos humanos. Será feito de humanos com mais tempo, mais foco e mais capacidade de impactar onde realmente importa. Porque ninguém quer mais dados, métodos ou slides. O que as pessoas e empresas querem são soluções para seus problemas — e é aí que o estrategista, continuará sendo fundamental.

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